VAI NEGRO, TOCA ESSE TAMBOR
Poema
Autor: Floriano Silva
Vai negro, Toca esse tambor!
E você crioula!
Mexe, remexe as cadeiras, faz babar a Crioulice do terreiro,
Esses olhares de desejos, sedutores e devoradores,
Quase não piscam.
E como se em um transe estivessem,
Loucos, ensandecidos ao som do batuque
Rodam, giram, mexem e remexem!
Ah! Samba
Varre, nem que seja por algumas horas
Toda angustia e tristeza dessa gente brejeira
Com esse ritmo genuinamente brasileiro
Olhem eles dizendo no pé!
Miudinho, Corta Jaca
Numa levada que domina qualquer um
Envoltos por imensa volúpia, os corpos resistem inutilmente.
Quero ver você, você e vocês,
Vamos!
Sambem, cantem, na palma da mão, Vai!
Isso!
Participem de alguma forma
Nessa hora eu não quero ver ninguém parado
Ninguém!
Cavaco, banjo, violão
Toquem! Acompanhem a batida do tambor
Ah! O Negro
Nessa hora ele se esquece dos açoites das chibatas, que castigaram os nossos ancestrais,
Tenho certeza que as divindades espirituais acompanham atentamente,
Essa comunhão entre branco, cafuzo, mameluco, negros e mulatos,
Que outrora de pés descalços, gingavam por liberdade,
Valeu zumbi!
Hoje os negros riscam os terreiros,
Eles de sapato
Elas, esbanjando elegância encima de um salto
Requebrando, ao som do mestre Carlos Sapato
Um “MALANDRO DA ANTIGA”, nato
Vai negro, “da no coro”!
Atabaque, pandeiro, agogô, tamborim e tantan
Na cadencia de um canto, que “liberta sentimentos”,
Eu também me embalo,
Extravaso minha tristeza, minha alegria,
Minha dor
Vai negro, Toca esse tambor!
Ginga mulata!
Porque hoje, hoje,
Hoje o que eu quero,
É festejaaaaaaaaaaaaaaar!