A pescaria
Quando o bote transpunha a barra do rio Açu,
Começava a agitar-se, impulsionado pelas ondas.
Íamos para uma pescaria no chamado Lamarão,
Onde os navios ancoravam,
Longe do antigo porto
Que até a primeira década deste século
Abrigava embarcações de todas as bandeiras,
De escunas escandinavas a galeras inglesas.
Logo ao sair da barra, as gaivotas
E garças multiplicavam-se.
Raros bicos-tortos
Sobrevoavam a pequena embarcação,
Enquanto bando de andorinhas era uma escura
Mancha se deslocando a grande altura.
E o mar sem limites sugeria ao menino
A aventura de grandes viagens,
O desejo de atingir portos longínquos,
Praias desconhecidas,
Terras do outro lado do Atlântico.
Às vezes o vento, um nordeste camarada,
Servia para amenizar o calor do sol;
Outras vezes começávamos a ser fustigados
Por um leste incômodo e agressivo,
Quase sempre interrompendo a pescaria,
Pois as águas eriçadas afastavam os peixes.
E se esgotava em todos nós a paciência
De ficar segurando demoradamente a linha,
Com isca e anzol mergulhados no mar.