Lá vou eu cantando a tarde, para com ela seguir mansamente meus passos. Sim, eu canto a tarde, faço-lhe serenatas junto ao vento, colho algumas flores, que este, impetuoso, teima em desfolhar e assim oferto-as, jogando-as pelo espaço e a tarde sorri para mim. Fica mais leve, mais doce e perfumada. Parece até que demora mais a ir de encontro ao horizonte, para que o dia descanse e amanhã volte a nos encantar. Namoro sim com a tarde, quando do campo, uma revoada de passarinhos vem comigo duetar e felizes vamos pelas horas, num canto primaveril, enfeitando o momento vespertino que é vida aos que o observam e que pode ser noite linda, depois da alquimia de um sol já posto. A tarde traz lembranças boas, outras nem tanto, mas suas nuances de esperança pintam os caminhos e enchem de paz meu coração. Sei que em algum lugar, alguém com olhos de tarde morna, também assim também a fita e então somos iguais em alma. Isso basta-me para ser feliz. 

09/09/13






Canto, na verdadeira acepção da palavra. Meu tom de voz é Mezzo -soprano, desafinado e com leve rouquidão.
Marilda Lavienrose
Enviado por Marilda Lavienrose em 09/09/2013
Reeditado em 09/03/2019
Código do texto: T4474399
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