O MAR
(Sócrates Di Lima)
Grita na noite o mar,
Nas ondas do seu silêncio noturno,
No seu contexto amar,
Se faz profundo, o mar é uno.
E a lua assiste sua calmaria crescente,
Ao longe se namora em suas águas,
No repouso de seus viventes,
No oceano deságua.
Esconde o mar a alegria,
Muitas vezes mostra a felicidade,
Faz o poeta se deleitar em poesia,
Traz saudade.
Esconde o mar, suas vidas,
Esconde ou mostra suas mortes,
Da guaridas,
Desfolha suas sortes.
O mar leva aos distantes,
Corta os mundos,
Leva e traz amantes,
É raso, profundo.
O mar é um mundo,
De realidade e fantasia,
Quem o ama vai fundo,
Alimenta sua rebeldia.
O mar avança e destrói,
A natureza se faz mortal,
Mas, também se recolhe e constrói,
Cria sonhos em seu espaço naval.
O mar é como o amor,
Tem todas as suas faces,
O mar é manso e dominador,
Com ele não tem disfarces.
O mar tem cor de céu,
Tem cor de olhos de mulher,
Azuis ou negros, faz-se véu,
Um desafio, como ele quer.
Nada vence o mar,
Mas o mar pode a tudo vencer,
Quem ama o mar, sabe amar,
Conhece o amor e faz acontecer.
O mar tem doçura,
Tem sabor de lágrimas frias,
Tem brandura,
Tem rotas, faróis e guias.
O mar é como minha morena,
Tem toda fortaleza e sabedoria,
Tem audácia, transparência e me queima feito lenha,
Tem doçura e tem poesia.
Ela tem muito do mar,
E o mar tem muito dela,
Ela tem todos os caminhos para eu amar,
Ela é meu mar, a serenidade que me tutela.