Ao Encontro Da Felicidade
AO ENCONTRO DA FELICIDADE
Acordo do meu retiro ansioso
Lamentando o tempo perdido e precioso
Alegria quando me contamina fico receoso
Perdido no leito de um refúgio ocioso
Quantos anos ainda ei de ficar parado?
Imperava em mim verdadeiro golpe de estado
Parecia a batalha entre Argentina e Uruguai
Briga de egos superados e o egoísmo cai
Padecia um açoite apocalíptico nas entranhas
Guerra de murmúrios aos morros e montanhas
Lamento dilacerado quando parti ao mar
Remando contra maré com chances a agarrar
Os problemas vão embora deixa pra lá
Meu bote agora é meu sofá
O remo agora é minha televisão
Missão diplomática de superação
O ápice fora encontrado no Rio La Plata
Meu apogeu aqui relatado numa espécie de ata
Norman Foster no sítio ou a cúpula de Mujica?
Segunda opção tão bela quanto Kirchner
Este deveras ser para sempre honrado
Todas as menções deveriam ser condecoradas
A um senhor da nação humilde que se doa
E a elegante do tango leva críticas na boa
Sinto o frio de Berlim rasgando o céu
Adentrei em 18 de Júlio na linda Montevidéu
De imponentes palácios salvos ano pós ano
Restauração centenária aqui declama
O arco que vem a retina não é um triunfo
Muito superior a isso um verdadeiro Trunfo
Onde se tem honestidade encontra-se verdade
Onde se tem humildade vai embora vaidade
Amigo chamado Sólis abre a porta da Cidade
Abençoada pelo Pai por toda eternidade
Não dá para ir embora farei morada
Das águas fiz uma verdadeira estrada
Bate tantas recordações no meu versejar
Durante todo o percurso ao meu velejar
Relembrei épocas em que me amava tanto
Na ponta do coração lágrimas aos prantos
No leste os búzios das praias formam desenho
Os cassinos brilham agradecendo empenho
Os dedos fulguram na areia que desdenho
Aflito não fico pele de rinoceronte detenho
Trago paz quando leio a bíblia
Nossa colônia é nossa família
Pulei mesmo sem saber nadar
Em nuvens que respiram um só ar
Em águas que agarram o Rio La Plata
Em terras que carrego com amor
No subterrâneo que cura outrora dor
Cheguei ao porto vagando solitariamente
Quem acha que meu estado é deprimente
Nunca enfrentou tempestades na vida
Nunca guerrilhou a saudade de uma partida
Nunca soube o que é amar de verdade
Nunca deixou brotar em si mesmo lealdade
Minha situação de estado crítico
Modificou-se ao adentrar no obelisco
Da larga avenida avistei uma donzela
Morena e delicada fiz do túnel uma janela
Para assim eternizar nossa união
Abençoar e sacramentar o fim da solidão
Quando te vi ali próximo ao “La Boca”
Instalou-se imenso sorriso beijado na boca
Dançamos até o alvorecer o tango no seu tom
Mesmo tímido comprei uma caixa de bombons
Como o homem mais feliz do mundo
Contagiado ainda pelo espírito profundo
Monumental paixão a qual me dedico
Experimental sensação a qual me delicio
Fizemos da lua nosso recanto
Do sol nosso sagrado canto
Para nós restou a fotografia em mil pedaços
Agora sou responsável o teu “rir” eu faço
Remorso despiu-se explorado pela identidade
Buenos Aires nos enviou um cartão fidelidade
No Brasil atravessei a ponte da amizade
Impávido colosso ao encontro da Felicidade
OBS: Poesia lançada no livro "Palavras Sem Fronteiras", lançado pela LITERARTE.