um pouco de vento
eu quero pedir emprestado
um pouco de vento ao espaço
lamento não ter a certeza
de que vou poder devolver
e quero manter-me constante
na prerrogativa que tenho
de que no que eu desejar
esteja o de que me abstenho
é longo o caminho que traço
conduz-me a névoa sem cor
eu quero colher o sabor
de toda aridez do cansaço
também um olhar desse sol
e um pouco desse mormaço
e ir terminar o meu dia
lá dentro da carpintaria
e quero findar meu trabalho
bem na solidão do outono
bem perto do vento vadio
e longe do olhar de abandono
e se a tempestade assustada
não for me poupar do sermão,
só quero poder simplesmente
ter como chamar-lhe a atenção