QUANTAS VEZES
Esqueço de olhar o céu
de contemplar a lua
sondar as estrelas
Quantas vezes
o dia me parece sem graça
e acredito que todos são assim
Quantas vezes eu penso ter usado
a última gota da minha saudade
o meu último suspiro
Quantas vezes
acredito ter derramado a última lágrima
a última emoção
a última inspiração
Quantas vezes
tudo vira silêncio dentro de mim
perco o sono, não sonho
não divago
Mas quantas vezes
depois de toda esta letargia
outra vez nasce em mim
uma nova poesia
Célia Jardim