Doce de Vó
Dia quente, como todos os outros.
Água salobra escorre da testa.
Os dentes se batem ao roer uma espiga.
As pernas suam.
Os netos gritam.
Os filhos brigam.
O pai reclama:
-Deixe de arenga moço, se aprume e caminhe.
A senhora de poucos dentes sorri.
Dá um beijo nos filhos.
Um cheiro no marido.
E um doce aos netos.
A correria do dia findou.
A noite chegou.
O doce acabou.