Desatando...

Desatam-se as pernas,

E o homem trabalha,

O atleta se esvaia,

De tanto correr,

A dama colorida,

Que se exalta na noite,

Baila com seu salto alto,

Até o corpo adormecer.

Desatam-se as mãos,

E o pintor não fraqueja,

O escritor só almeja,

Uma linha escrita com amor,

A moreninha faceira,

Toca um acorde para um amigo,

Puro sentimentalismo,

Coisa do seu interior.

Desatam-se os braços,

José se rende a Maria,

Tereza companheira de Sofia,

Não se cansa de abraçá-la,

No pulso firme,

O relógio marca as horas,

Uma bela jóia reluz seu brilho,

No saciar de um olhar.

Desatam-se os cabelos,

E o vento carrega os pensamentos,

Cachos soltos por momentos,

Difíceis de esquecer,

São lisos, encaracolados,

Curtos, compridos, devastados,

De cores múltiplas, sedutoras,

Contornando o semblante,

Embelezando o viver.

Desata-se o cordão umbilical,

O choro da vida ecoa,

E a mãe não enjoa,

De ouvir seu filho chorar,

É o primeiro passo,

Para vida que se inicia,

E que sem avalia,

Deus a cada um doou.

Desatam-se os pés,

A meninada corre na praia,

Samba a mulata na gandaia,

E o sapato aperta os dedos,

Pé de moleque,

Pé de arruda e de alecrim,

Cheirosos como jasmins,

Engatinhando em segredo.

Desatam-se os nós,

E o coração só festeja,

A vida de quem não peleja,

E busca a felicidade com afinco,

Na batida de corações insaciáveis,

A cadência maior,

Emana a razão dos amantes,

Pela existência humana.

CarlaBezerra

Divina Flor
Enviado por Divina Flor em 23/02/2013
Reeditado em 22/07/2020
Código do texto: T4155326
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