BOLINHA DE SABÃO
BOLINHA DE SABÃO
Editei-me, repaginei-me
Abri o cofre das minhas angústias
E as enterrei
junto com os quatro poemas fúnebres
que as minhas lágrimas tinham escrito,
Sobre aquele pergaminho cor de sangue
E agora?
Agora só vejo bolinhas de sabão
Coloridas,leves e extrovertidas
Pousando em cada parapeito de janela aberta
Em cada cabeça de criancinha esperta
dessas que pulam pra ganhar da bola de sabão
E até aquele pássaro de peito amarelo
veio beijar a minha bolinha
Dar-lhe as boas vindas e desejar-lhe um bom dia
Riscar ao redor dela uma doce melodia
E a bolinha de sabão reproduziu-se no parque
Fez-se no milagre dos pães
E eu fui tomar o meu cálice de vinho
Que aguardava a minha percepção
De que a vida é sempre bolinha de sabão