BOLINHA DE SABÃO

BOLINHA DE SABÃO

Editei-me, repaginei-me

Abri o cofre das minhas angústias

E as enterrei

junto com os quatro poemas fúnebres

que as minhas lágrimas tinham escrito,

Sobre aquele pergaminho cor de sangue

E agora?

Agora só vejo bolinhas de sabão

Coloridas,leves e extrovertidas

Pousando em cada parapeito de janela aberta

Em cada cabeça de criancinha esperta

dessas que pulam pra ganhar da bola de sabão

E até aquele pássaro de peito amarelo

veio beijar a minha bolinha

Dar-lhe as boas vindas e desejar-lhe um bom dia

Riscar ao redor dela uma doce melodia

E a bolinha de sabão reproduziu-se no parque

Fez-se no milagre dos pães

E eu fui tomar o meu cálice de vinho

Que aguardava a minha percepção

De que a vida é sempre bolinha de sabão

Conceição Castro
Enviado por Conceição Castro em 26/01/2013
Código do texto: T4105290
Classificação de conteúdo: seguro