HORAS IMPOLUTAS
(Sócrates Di Lima)
Tem horas que eu penso em ir embora,
Lacrar minhas páginas e me esquecer,
Deixar a poesia do lado de fora,
E cem por cento minha realidade viver.
Tenho horas impolutas,
Majestosas,
Donas de si, absolutas,
Horas ardilosas.
Que me amedrontam,
Pega o meu coração e amassa,
Como quem papéis amassam,
E jogam fora em meio a massa.
Tem horas que eu choro,
De saudade de mim,
Até me ignoro,
Acho qaue chega o fim.
Mais, ai, eu me olho fundo,
Não preciso viver só de realidade,
Preciso envolver meu mundo,
No mundo intelecto da flexibilidade.
Nem preciso de analista,
A poesia é meu divã,
Onde faço minha própria revista,
E me coloco em plano a cada manhã.
Tem hora que eu mostro a face,
Mas, tem hora que eu preciso me esconder,
Não rio o tempo todo, e não há disfarce,
Para um olhar triste você possa ver.
A poesia é minha libertação,
É minha válvula de escape do tédio,
Ela me tira da minha solidão,
Opção que faço como remediável remédio.
Tem horas que eu penso em fugir,
Das minhas p'roprias razões,
Mas, sobretudo, não sei fingir,
Em retratar minhas emoções.
Há tempo para tudo,
E as vezes eu penso em do virtual sumir,
Logo vem o pensamento absurdo,
Sumir pra que, para onde posso ir!
Então escrevo,
No despertar de uma emoção,
Porquanto, me relevo,
Deixo flutuar meu coração.
Ai, de repente um olhar me vê,
Em meio a minha multidão,
Me enxerga, faz com que minha alma crê,
Que não estou sozinho nessa emoção.
Ai, vem você, mulher,
Sorrateira,
Como quem nada quer,
E me faz sentir novamente uma "lezeira".
E eu gosto,
Sinto-me vivo novamente,
Então aposto,
Que você virá aqui, livremente.
E não se preocupe,
Sou livre, leve e solto,
Que o passado me desculpe,
Sou meu próprio terromoto.
Mas, não basta querer,
Tudo se resume em lutas,
Vou então a luta, se queres saber,
Deixo de lado, essas horas impolutas.
Como se saisse na chuva dbraços abertos,
Esperando por você aparecer,
Todos os meus sentidos estão espertos,
.Vou deixar acontecer.