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Temporada de chuvas


A avenida em que caminho

Não tem pavimentos e calçadas
Tem chão cru, esburacado, 
com muitas folhas massacradas
Por fortes ventos gelados;
Deixo os braços cruzados!

 
Respingos de chuva
Embebem minha língua
Saboreio; penso em suco de uva
Mas o sacudir d’um galho
Molha minha luva
Fecho o casaco, me agasalho.
 
Pareço um espantalho
Pra pássaros azuis descolados do céu
Abro os braços que nem galho
E rodopio feio carrossel
Caem cartas de baralho
Tinjo lama, molho pincel
 
No dia cinzento pinto aquarela
Poças barrentas são lagos e piscinas
Entre nuvens penduro bola amarela
Da rua; alameda cheirando à tangerina
Fecho os olhos, penso primavera
E danço na chuva feito menina.



 
MarySSantos
Enviado por MarySSantos em 27/12/2012
Código do texto: T4055762
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