conflitos caucasianos
havia toda uma condição sistemática
na condução de seu atos,
fundamentada na atuação xenofóbica
em relação aos de sua espécie,
coisa que sentia que não era sua,
mas que precisava alimentar ou não se sentiria satisfeito
viu que se procurasse um defeito seria fácil de o encontrar,
mas não lhe seria um direito a que devessem respeitar?
e se se achasse sozinho, não encontrando caminhos
por onde pudesse passar?
medidas profiláticas se faziam urgentes
num mundo cada vez mais globalizado
como viver isolado?
casar e ter muitos filhos não adiantaria,
pois uma prole segmentada e com a sua identidade
não admitiria amiguinhos estranhos,
a não ser que fosse um pai liberal
e lhes desse o poder de escolha,
mas não vivendo sob uma rolha
como ele via agora que vivia
pensou numa atitude mais agressiva
casar com uma africana, como seria bacana
ter filhos de pele negra ou meio amarronzada
e todo aquele colorido de cores descontroladas
pensou numa vida mundana
com a quebra de todos os paradigmas
que dele faziam um enigma
insustentável e medonho, de inalcançável solução
sim, é por aí, partir pra África,
viver de início numa choupana
adquirindo hábitos desconhecidos
como forma de quebrar uma identidade disforme,
ele agora reconhecia, e depois, conforme a aclimatação,
trazê-la, então, para o conforto de um café parisiense
para que vissem que aquelas coxas grossas e quentes
eram agora uma prerrogativa sua,
que resolvia assim se descartar daquela cara pálida e suja
que lhe haviam imputado, mas que ele havia amputado,
depois de ter se exaurido com tanta dor e opressão
viver é comunhão, nem dor se sente sozinho
pegou então seu jatinho e foi parar na Nigéria
não quis saber se era séria a negra com quem foi feliz