Revisto em quadrinhos

Eu não quero pensar

Conjecturar, engendrar, maquinar ...

Desenvolver planos

Abiscoitar trunfos

Acumular precações

Elaborar prevenções

Quero ser jovem sem escola

Descalçar na areia

Achar no mínimo um máximo

Não saber o que é culpa

Ser irresponsável

Sem tarefas nem labutas

Relaxar em sestas

Sem hora pra acordar

Me soltar nas festas

Rir, me embriagar

Como se o que me resta

Estivesse lá

Não quero surpresas

Que não sejam boas

E o ruim inevitável

Deixarei à toa

Porque por mais necessária

Minha felicidade a suplantará

Se tiver que pedir

Pedirei perdão sem crises

E tentarei esquecer

Fazer as pazes

Voltar a ser como quando criança

Sem mágoas nem traumas

As convenções serão traços de fundo

Esmaecidos

Decrépitos

Sobre as quais deslizarei

Bem delineado em primeiro plano

Nos quadrinhos desses meus últimos anos