ASSIM É O POETA...
Como bons poetas
Seguimos as curvas
Seguimos as retas
Sem rumos nas estradas
Fazemos caminhos de letras
Castelos de rimas
Reis de espadas
Rainhas amadas
Cepa da videira
Cortejo de inspiração
De vaga em vaga arrastada
Pelas glebas da madrugada
Letras passageiras
Papeis adormecidos
Engavetados como casa em construção
Que ainda devido à perfeição ingrata
Sempre ainda falta um pouquinho de argamassa
E vão se embrenhando nas gavetas
Num turbilhão sem fim pra deleite das traças
Assim é o poeta este esteta dos versos
Caminhante de diversos burburinhos e lugarejos
Anversos reversos imersos
Nas ondas imaginarias do lampejo
Vão construindo pontes indeléveis
Para que os olhos possam atravessar
Por elas como andarilhos das escritas
Assim é o poeta cada poesia pronta
É como a entrega das chaves do imóvel
Todo mobiliado para que os leitores possam
Apreciar-lhe a vista de frente pro seu mar imaginário
Mas o poeta mesmo mora em qualquer lugar
E mesmo fora dele... A divagar!.