Porcelana

Algum momento, vi me dizer em silêncio aquela voz. Era a porcelana que dizia olhando as palavras, coberta de sentimentos ocultos, sentada na frente que, a cada minuto mexia os cabelos, ao piscar dos olhos, olhava pra trás e sorria por dentro... a porcelana que admirava letras e enquanto pensava em algum passatempo, escondia os mistérios em si... quando nas cortinas da tua alma estampava algo importante, não contava os teus segredos, guardava-os talvez por medo... frágil e ao mesmo instante inquebrável, saia todos os dias, responsável na verdade, espantosa, curiosa, irritada, doce e animada, dinâmica e sincera intocável, a porcelana... que se distingue das outras, resistente o teu interior branco transparente, o qual encantava minh'alma, viajava, ora não ia, ora aqui estava, todo dia... inovava, não olhava os olhos de quem queria. Pensava, ajudava, ora quieta, outrora falava, não parava, o tempo passava... a porcelana que brilha a noite, perde o sono, e tanto sono, pra pouca noite, pra tanto riso, pra pouco chão, pra tanto voar... e tudo não fala, e tudo me diz, romântica? Não sei! Romântica, talvez, sem procurar a justa forma, é verídico no teu jeito, em teu cheiro, nos olhos de quem a enxergou profundo... a porcelana saiu, foi embora junto ao som do que te faria feliz... o som da calmaria do rio. Uma porcelana, é raridade, é encanto na verdade. Ao final, pronunciou sem querer o seu amor ao luar, vinha me ver, pra eu estar contigo sob o clarão invadindo as folhas das árvores do sertão.

Doni Pereira
Enviado por Doni Pereira em 28/09/2012
Reeditado em 20/10/2013
Código do texto: T3906466
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