UM BRINDE
Aos que sonham, estrada quase sem fim,
Um brinde!
À música, àquela que sai sem palavras:
o som das águas
um riso infantil
pétalas e pétalas
orvalho da manhã a ornamentar a flor, Um brinde!
Um brinde à beleza
(quase poesia)
àquela que gera e cria,
à crua, à lapidada, um brinde!
À sublimidade da chama da vela
às viajantes pelas paisagens da janela
e à noite, que é lume e quimera, Um brinde!
E à tarde, poesia e canção
fim e começo
berço e túmulo
rua e vitrine
sol e chuva fina, Um brinde!
Um brinde aos sonhos!
Aos que viajam e aos que fogem
aos que dormem e aos que não.
À vida, sonho incompleto
salão repleto de dançarinos
(deuses nietzschianos)
aos ritmos e aos signos, Um brinde!
Ás taças de cristais
Às frases nos lençóis
Ao silêncio na oração
Aos instrumentos de devoção, Um brinde!
À farsa, à poética, à sátira...
Aos vidros quebrados,
Às obras de arte,
À liberdade, força e madre,
Um brinde!