UM BRINDE

Aos que sonham, estrada quase sem fim,

Um brinde!

À música, àquela que sai sem palavras:

o som das águas

um riso infantil

pétalas e pétalas

orvalho da manhã a ornamentar a flor, Um brinde!

Um brinde à beleza

(quase poesia)

àquela que gera e cria,

à crua, à lapidada, um brinde!

À sublimidade da chama da vela

às viajantes pelas paisagens da janela

e à noite, que é lume e quimera, Um brinde!

E à tarde, poesia e canção

fim e começo

berço e túmulo

rua e vitrine

sol e chuva fina, Um brinde!

Um brinde aos sonhos!

Aos que viajam e aos que fogem

aos que dormem e aos que não.

À vida, sonho incompleto

salão repleto de dançarinos

(deuses nietzschianos)

aos ritmos e aos signos, Um brinde!

Ás taças de cristais

Às frases nos lençóis

Ao silêncio na oração

Aos instrumentos de devoção, Um brinde!

À farsa, à poética, à sátira...

Aos vidros quebrados,

Às obras de arte,

À liberdade, força e madre,

Um brinde!

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 17/09/2012
Reeditado em 17/09/2012
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