Ode à viagem
Por entre os sentidos que me facultam
Atrevo-me a ousar o que convém
Alheios os mal aventurados, ora incapazes
Exalto o divino e digo amém
Face ao caos da diversidade,
Do som da cidade, filtro o que me apetece
Do todo o que embala e que entorpece
Aguça-me a curiosidade
Do som construído do artista
Ante ao harmônico e ao ruído
Embebedo-me sem ser fluído
Com o que se solidifica, imagem à vista
Volto ao passado, rio e choro
Entrelaço-me na Poesia
Sem ouvir-me canto em coro
Fluo envolto à melodia
Vislumbro coisas que eu não vi
Revejo até quem já se foi
Danço parado, crio rebolado
Viajo no som que escolhi
Sinto na veia, na alma
De adulto á criança num passe de mágica
Do stress encontro a calma
Contra o mal és a arma
Do real fujo, longe da cena trágica
Vivo num romance eterno
Crio o que me vem, à revelia
Sou o que a multidão celebra
Toco o que quero com maestria
Faço tudo sem abrir os olhos
Vou à lua, volto pra casa
Nunca me canso, haja pique
Minha imaginação arrasa
Mas retorno rápido num clique