Onde Está Minha Pasta?
Eu chego em casa, minha filha é a primeira.
Me dá um beijo, minha pasta carregou.
E o meu filho me pergunta se a carteira
Tá bem cheia, porque a grana que lhe dei já se acabou.
Muito brinquedo lá no quarto da menina.
Tudo espalhado, minha pasta já sumiu.
Vou pro meu quarto donde escuto a voz fina
Da mulher dizendo qu’eu não trouxe o pão que ela pediu.
Isso é todo dia,
Mas quase sempre é uma alegria.
Acho qu’eu não sabia.
Nem sempre a vida é só para gente maldizer.
Provo a aletria.
Um pouco mole eu preferia.
Acho qu’eu não seria
Capaz de uma outra vida escolher.
A bicicleta é o que o meu garoto pede.
Papai Noel, lhe digo, ainda não chegou.
Espero qu’ele uma boneca não me negue,
Diz a filha ao devolver a pasta que ela carregou.
Eu vou dormir e vejo em cima da cadeira,
Já está a roupa que amanhã eu vou vestir.
E finalmente vem a minha companheira,
Traz um beijo e aquele jeito sempre igual de me sorrir.
Teresópolis, 30/01/1977