BEM-TE-VI
Um bem-te-vi acordou-me
Lembrando-me que já é hora
De viver uma nova manhã
Despertei sem nenhuma vontade
De abrir os olhos para a sina
Das lutas que a mim cabiam
E na penumbra do quarto
Queria eu passar meu dia
Virei de um lado para o outro
Cobri a minha cabeça
Mas ele lá fora insistia
Para eu acordar para a vida
Foi então que abri a janela
E o ar da manhã por ela entrou
Cheio de luz e encanto
Na minha alma pousou
Da janela pude ver
Um quadro de beleza infinda
Céu azul, novas flores no jardim
Beija-flores em deleite e o bem-te-vi
Ainda a cantar...
Bem-te-vi
Bem-te-vi...
Já sem o marasmo do desencanto
Preparei o meu café
E o seu perfumado aroma
Juntou-se a alegria
Do deleite que entrara em minha alma
Com o ar daquela manhã
Não me negarei às batalhas
Do desencanto das obrigações
Mas quando me sentir toldado
Preso pelas exigências e dificuldades
Para sobreviver os meus dias
Lembrarei que isso tudo são ilusões passageiras
Para alcançar bens materiais
Quando o maior bem
É viver manhãs como essa
O real está aqui
Sem preço
Sem prisões
Nesta manhã tão feliz
E o bem te vi
Lá fora canta
Bem-te-vi
Bem-te-vi...