DE LAÇOS E ABRAÇOS

Recebi linda mensagem

Trazendo laços e abraços

Eu que adoro dar abraços

Refleti como é preciso

Estreitar passos e laços

Abraçar, ser abraçado

Mesmo que eles se desfaçam

Sem haver beijos e abraços

Inventar toda a maneira de abraçar

De verdade ou de brincadeira

Melhor um abraço fugaz e corriqueiro

Do que alguém nunca ser abraçado

Mas existem falsos abraços

São laços nulos sem a menor graça

Logo se desatam ou se despedaçam

No buraco negro da imensidão do espaço

A criança faz um laço engraçado

Todo desengonçado, mas é um laço

O pior é quando tenta dar laço no cadarço

E teme passar por um grande embaraço

Prende a respiração com toda a atenção

Aprendendo, então, a dar um laço

E ao conseguir fazê-lo sente a alegria sadia

E é natural que estenda seus pequenos braços

A quem a ajudou a vencer esses percalços

O laço pode ser repetido muitas vezes

Sem desgaste que nem o abraço

Mas cada laço tem de ter o seu espaço

Pois não há maior cansaço

Que ao completar um laço,

Sentir o embaraço de dar nó cego no laço

Pois, não nego: aperta, prende, sufoca

E machuca, perpetuando-se o laço

Até que a morte ou o tempo o desfaça

Não sem antes deixar marcas e farpas

Em dois corações descompassados

Desses laços só se quer o desenlace

Se os laços se desatam e se partem

Em pedaços, sem deixar nenhum traço

Ao menos um dos dois vai sentir-se

Abatido, como faltando um pedaço

Mas abraço é abraço e vou querer abraçar

Abrindo em cruz os meus braços

Que nem Cristo Redentor no Corcovado

Abraçando a Guanabara e quem mais ali passar

Seus braços abertos bem visíveis no espaço

Para todo e qualquer que quiser ser abraçado

E antes que eu me esqueça

E que a vida distraída passe,

Ou que você desapareça,

Venha cá,

Dê-me um abraço!!!