"O POETA E A CHUVA"

Lá fora a chuva molha persistente

A tudo que lhe vai por baixo ou pela frente!

Eu, trancado em meu quarto que também

É meu escritório ou minha fábrica de poemas,

Sinto o cheiro da chuva, ouço a música da chuva,

Pela janela, vejo a chuva, a chuva inunda todo o meu ser!

A música da chuva no telhado é como um estranho piano

Sendo dedilhado! Essa orquestra molhada torna-me introspectivo,

Sinto um desejo de desvendar, da vida, todas as verdades

Pensadas e não pensadas: filosofia, religião, ciência, vida, morte,...

Qual será nossa sorte? Mistério, mistério, mistério,... Isso é sério!

Já me disseram que não vale a pena esse esforço em queimar pestana,

Também, já disseram que “o ser humano é um animal que pensa”!

Então, no próprio pensar o homem deve encontrar recompensa!

Certo que esta minha ânsia em desvendar mistério,

Devo moderá-la senão vai acabar trazendo-me um problema sério!

“Há mais mistério entra o Céu e a Terra, que minha vã filosofia...”

Mas, que interessante a chuva... será que já sabem tudo sobre ela?

Não, não vou questionar a chuva, quero apenas vivê-la intensamente!

Vou lá fora tomar banho de chuva, viver uma intimidade com ela...

Sem pensar de onde vem, pra onde vai... apenas sentir sua natureza

Molhada caindo sobre mim; eu dançarei, pularei e darei gargalhadas!

Manoel de Almeida
Enviado por Manoel de Almeida em 07/05/2012
Código do texto: T3654176
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