Quando a escura noite invade a paisagem solitária, onde o silêncio impera, apenas quebrado de vez em quando pelo vento, que não poderia faltar para refrescar a todos, é que ele, um pássaro noturno, que nunca vi, começa a cantar pausadamente em algum arbusto por perto. Ali permanece, só, entre as sombras noturnas que caem como mortalhas, desenhando figuras estranhas pelo chão. O seu canto ecoa lindo e sempre nesta época do ano. O ar outonal deve atrair o tal pássaro, que depois segue por outras plagas e apenas agora visita-nos, sempre no mesmo local, estação do ano e com seu refrão ensaiado para cativar quem o ouve.
Quando abro a janela ou procuro vê-lo entre os pinheiros, pois é dali que percebo o som, o canto silencia. Saio devagar, não faço barulho e lá vem o canto, como um chamado. Porque isso acontece tentarei descobrir, mas essa criatura da natureza é um mistério há mais de três anos, data em que o percebi.
Olhos insones insistem em ficar
atentos a uma pequena nesga de luz,
aos poucos, ao sono ela induz...
Lá fora, porém, em algum arbusto,
escondido, talvez em seu ninho,
canta um pássaro estranho,
noturna voz, num acorde bem baixinho
Não se sabe de onde ele vem
nem porque é à noite que aparece,
creio ser o pássaro, um presente,
pois aqui é um bosque onde tudo acontece
Pássaro noturno que segredos pode ter
porque sua voz triste é maviosa
e só em noites de vento outonal,
vem cantar essa melodia curiosa?
Pássaro noturno que avança as horas,
perdido, talvez entre a ramagem,
faça com que eu durma nesse acalanto
e num sonho bom mergulhe com coragem
Foto do local de onde vem a cantoria
25/14/12