Feliz desde sempre
Desde menina eu soube o que é felicidade
Aprendi com a vózinha que eu visitava no sítio
E com aquela que me esperava na cidade.
Sempre protegida sob o olhar de minha mãe atento a qualquer fato
Que me condicionou a uma espera que virou vício
E há certa hora me fazia sorrir por ouvir o barulho de seu salto.
Meu pai, que vê razões pra se dar risadas à toa
É um homem de origens muito simples e que desde o início
Teve grandes esperanças, sonhava que filha “daria boa”.
Tive tantas bonecas que até as contas perdi
Tinha pouco tempo pra tanta brincadeira, o que era nada propício
Por causa de uma chinelada chorei, mas com os castigos me diverti.
Venho de uma família enorme, com nuances diversas
Reunindo todos os integrantes faria um belo “hospício”
Montaria um teatro, um infindado espetáculo de peripécias.
Gente tem de sobra pra inspirar qualquer ação
Que talvez me faltasse dedos pra contar
Também sobra espaço pra todos em meu coração.
A vózinha do sítio não está mais lá pra me esperar
A da cidade continua envelhecendo, não ficará pra semente
E alguns tios com suas cores começaram a faltar.
Mesmo com tudo que se possa sofrer e passar
O que me importa é tê-los sentido e amado do meu jeito
É continuar sendo feliz pra ter tanto o que recordar...
Janaina Lúcia Alves (17/04/2012)