A FABULA DO SOL E DA LUA

O sol mudou o curso

do rio, iluminou o umbral

vestiu-a de Kilimanjaro

noite, sidra e marfins

aos pés da lua, depôs.

Sem dar contas, ela dizia:

“Por mim, qualquer

cousa seria”.

E por amar tanto a lua

verteu para o latim

mil poemas de amor

deu-lhe a Pedra de Toque

se esponjou na salmoura

colheu no jardim saduceu

dentre todas, a mais bela rosa.

E, ainda assim

lhe disse a lua:

“Não cuides por mim.

À mim compraz

qualquer cousa”.

Quando ficava, então

Mortiço, é que a lua

aparecia. Quando

sem luz e mofino

fêmea, resplandecia.

E depois de dançar

qual ninfa no ceo

em tal rito de alegria

ao ouvido do sol triste

a lua suave dizia:

“Senhor sol, tão querido

mal não lhe fará entender

o que lhe digo.

Não me faltarão riquezas

amores e honrarias

porquanto, minha

é a dádiva de banhar

de nívea prata

sobre o mundo

à qualquer cousa”.

Ricardo S Reis
Enviado por Ricardo S Reis em 29/01/2007
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