A Doutora Maria

Falava pouco.

Não lia nem escrevia.

Sua beleza estava no corpo.

Era a rainha da avenida.

Maria teve uma cegonha...

Tinha saúde para dar e vender.

Não ter leitura era sua vergonha.

Mas ela sabia curtir e viver.

Era dona de um corpão.

Era de paz e de amor.

Já tinha desfilado até no Japão.

Jambo era a sua cor.

Era linda, rainha da passarela.

Era a mulher símbolo do carnaval.

Todos os holofotes flechavam nela.

Sua beleza brasileira era natural.

Levantava a arquibancada do sambódromo.

O público a ovacionava como uma pop star.

Seu último desfile em sua escola foi histórico...

Virou garota propaganda internacional no Panamá.

De volta ao Brasil começou a estudar...

Hoje ela é doutora em letras lá no Xangri-Lá.

A Doutora Maria exibe seus álbuns dos carnavais.

Mas, seu diploma de doutora é o que gosta mais.

(Essa obra é uma ficção, qualquer semelhança é mera coincidência)