Ode à Natureza
Iiiiiuuuupppiii! Estou no alto!
Viajo nas asas de um gavião
Vejo poesia no vento que passa
Reflete-me as gotas de orvalho das folhas
Pulsa em mim, o orgasmo que vem das flores
Na primavera febril e luminosa.
Estou em comunhão comigo e com o planeta
Principalmente com as cores trepidantes da estação
Sinto o viço das sementes que se arrebentam em vida dentro de mim
Tudo que me cerca é abundante e farto
A mãe natureza, submissa e vasta, comunga com Deus
Tudo será permitido neste canto do planeta
Pássaros se acasalam em gritarias e orgias efêmeras
Na pureza do seu reproduzir
Eu sou parte desta festa e não disfarço o encantamento nos olhos
Um frêmito de alegria grassa em meu coração
A par do desespero do mundo, aqui tudo é vida e esperança
Raízes se fortalecem e avançam, explodem os frutos ainda tenros,
Copos-de-leite se abrem e derramam sua beleza sobre os vales cheirosos!
Caem as mangas maduras no balançar do vento!
Desabam as sementes no solo generoso, voam polens e abelhas!
Reproduz-se a natureza no seu ciclo biológico.
Meu espírito encantado, passa ao longe dos espinhos do viver
Segue a vida doida no dorso descuidado das manhas
Neste pequeno paraíso sobre a terra coberta de matas e desejos
Ela exercita o vaticínio da procriação em todas as latitudes
Deus esta presente, esta aqui sorrindo e muito feliz!
Neste lugar..
Não posso ouvir ainda, mas sei que anjos tocam suas trombetas
e tudo se converte em cantos celestiais na sublimação da vida
Tudo regido em perfeita sinfonia pela mãe natureza
Acalma-me saber disso e estar com ela
No seu colo materno e espiritual
Eu sinto-me assim filho do vento, das nuvens e do sol
Irmão dos pássaros, pai dos insetos e amigo das borboletas
Reparto o mel da abelhas que não me aceitam, com os melros festivos,
Sinto-me como Tim Treadwell, amigo da natureza toda,
Assobio a canção preferida dos pintassilgos, que me repetem!
Corro pelos campos com os animais de grande porte sem medo
Subo no topo das árvores e divido as frutas silvestres com os quatis amarelos
Sou acordado pelo cantar das saracuras azuis,
Banho-me no lago cheia de luas onde mora o sapo intanha
Visita-me frequentemente o desejo de voar!!
E nas tardes, que me engalano de sonhos,
Durmo na relva olhando as estrelas, que nasceram mais cedo
Sinto o milagre da vida acontecendo, cada segundo em mim
Sinto o desvanecer das forças do mal, enfileiradas partindo
Com os pensamentos ruins.
Vejo nesta hora que eles se encaminham para fora de mim
Em fila indiana humilhados e vencidos.
Assim meu coração, livre dos tentáculos da dor,
É uma porta aberta para as pulsações da chuva e do sol
Sou uma ode natural...!
O filho dileto da mãe natureza e seu delinquente favorito e perdoado
Minha natureza é telúrica!
Sou Célio Telúrico de alguma coisa
Como telúrica é toda é a natureza que me envolve
Eis que minha vida foi entregue a ela e a minha poesia é apenas o seu canto, minha oferenda a esta deusa suprema,
porque ela me faz mais leve, mais natural, portanto, maior!