R
ecanto
ecanto
das
L
etras
etras
Na mesma época engoli um chiclete lá na escola, e jurava que ia morrer com tudo colado por dentro, chorei muito e apavorada, pedi que chamassem meu irmão para que rapidamente estivesse em segurança. Nem tudo foram flores. Também fui impedida por você de exibir minha performance musical, aliás, a música era bem sugestiva (“Por favor, pare agora, Sr. Juiz...”), ah! Essa foi pra chorar! (Não se preocupe, esse trauma já superei. Pela infinita misericórdia do Senhor fui cantar no coral da igreja e desta vez até aplausos recebi, - bem, achei que também eram pra mim, rá, rá, rá). Só JESUS!!!
A diferença de idade nos permitia apenas lampejos de intimidade, mas como foram intensos!
Voltemos à bicicleta, me parece que ela é o meio de transporte da vez..
Um dia vi mamãe na “garupa”. Caramba! Pensei. Acho que agora ela também viverá muitas aventuras! (Você sabe quando ela pediu carona? Foi num momento de grande dor, quando ela soube que seu filho tinha tido um AVC e ela o queria de pé novamente). Era uma mulher de pouca instrução, mas muito sábia, pois tinha a certeza que nada poderia fazer e que, sozinha, ficaria impossível seguir em frente. Toda noite em seu quarto, ela ficava de pé (já não podia ajoelhar), colocava suas duas mãos no coração e orava por todos nós. (Escrevo e minhas lágrimas rolam). Foi um exemplo e tanto!!!!
Quanto a mim, aprendi contigo a andar na garupa. Você dizia para eu segurar bem forte, assim não cairia; ter cuidado para não prender o pé na roda e, de resto... Era só confiar e desfrutar do passeio!
Já adulta, tive a certeza que necessitava de ser conduzida. Havia momentos em que os caminhos bifurcavam, a noite chegava e eu não sabia para onde ir. Decidi então chamar o Condutor que, calmamente, passeava na minha frente aguardando apenas um sinal.
Chamei-O apenas baseada na experiência que tinha; pedi uma carona e me foi oferecido o acento. O problema de prender os pés na roda foi resolvido com pedais para que também pedalasse, e hoje, só ando na garupa, que agora, passou a ser totalmente segura (sem nenhuma alusão pejorativa aos nossos passeios desvairados).
Nessa viagem, tenho sentido o vento bater forte no meu rosto, já pedalei até chorando, mas o vento se torna brisa e a lágrima vira sorriso. Tenho dado gargalhadas e até voado. Ah! Também preciso segurar com bastante força, e as emoções também são fortes! Você me deixou muito boa no negócio!!!!