AGASALHA-ME
Deito contigo, acolhes-me em teu seio,
feito a amante, faminta de desejo;
abres tuas abas eu entro no meio,
aproveitando o formidável ensejo,
repousante deleite regalado,
do balançar da brisa protetora;
vais lá e vem cá o sonho acordado...
jardim delícia, mente inspiradora,
fenecem amarras, soltam-se grilhões,
dores e mágoas... simples passageiras,
vão deslizando, formam erosões,
levando no enxurro as ribanceiras,
arrancadas pela edaz pororoca,
que só teme uma força poderosa:
a Floresta Amazônica que a sufoca.
No remanso do excelso sentimento,
e no farfalhar das folhas a imprimir,
agasalho-me em teu enlaçamento,
minha amorosa rede de dormir.