AGASALHA-ME

Deito contigo, acolhes-me em teu seio,

feito a amante, faminta de desejo;

abres tuas abas eu entro no meio,

aproveitando o formidável ensejo,

repousante deleite regalado,

do balançar da brisa protetora;

vais lá e vem cá o sonho acordado...

jardim delícia, mente inspiradora,

fenecem amarras, soltam-se grilhões,

dores e mágoas... simples passageiras,

vão deslizando, formam erosões,

levando no enxurro as ribanceiras,

arrancadas pela edaz pororoca,

que só teme uma força poderosa:

a Floresta Amazônica que a sufoca.

No remanso do excelso sentimento,

e no farfalhar das folhas a imprimir,

agasalho-me em teu enlaçamento,

minha amorosa rede de dormir.

Ambrósio Henrique
Enviado por Ambrósio Henrique em 27/12/2011
Reeditado em 30/12/2011
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