PRIMAVERA
JORGE LINHAÇA
Os dias se alongam e o calor atua nas plantas
Corações se aquecem em meio à doce natureza
Os pássaros cantam e se exibem em busca de par
odores se misturam e cores saltam ante os olhos
O mormaço entorpece e embriaga qual cerveja
Os bancos das praças se lotam de solitários
Os bares recebem os sozinhos acompanhados
Os parques se enchem de vida humana e inumana
A azaração rola solta nos points do momento
os hormônios explodem em química incontida
Ficar é a moda, deixar rolar é a ordem unida
Como admirável gado novo vão para o abate
O querer ser diferente torna todos iguais
As bravatas e conquistas são a bola da vez
Promiscuidade como sinônimo de liberdade
liberdade que escraviza na busca do vazio
Primavera no ar, a beleza não percebida
A entrega ampla, geral, irrestrita do vazio
Conquistadores que enfim nada conquistam
Ilusória sensação de possuir sem ser possuído
As flores são polinizadas por insetos indiferentes
As mulheres são fertilizadas por seres indolentes
Os homens escravos de paixões pós-adolescentes
Fugazes vitórias de ardente desejo descontrolado
A perenidade é um crime a ser evitado sempre
Sentir e amar são coisas de gente fracassada
O que vale é abater presa após presa indefinidamente
Leoas e tigres em estação de caça sem restrições
Primavera que antes era a estação da paixão
Com aromas, cores , sons ,pássaros e flores
Hoje apenas e tão somente explosão de tesão
Fuga tão eloqüente dos verdadeiros amores
2004.22 de setembro- 11:46
2004.22 de setembro- 11:46