Minhas décadas
O tempo lava e desenvolve, ordena e continua.
Pablo Neruda
Cheguei, brotei
Apareci, surgi,
Nasci sem saber o que fazia.
Aos dez várias descobertas: queria ser
Bombeiro, marinheiro, piloto de avião e
Não queria estudar. Uma aventura era a vida.
Homem de bigode, cinco fios de cada lado,
Aos vinte o mundo era meu,
O medo do não era meu medo.
Seguro, passos largos adiante,
Mais jovem do que nunca,
Aos trinta só tudo de bom.
Agora chego onde tinha medo
Sem medo nenhum, pés no
Chão de rosas sem espinho dos quarenta.
Sossegado, ainda bem jovem
Aos cinqüenta estarei lá, aqui, acolá
Em todas as festas da minha vida.
Um senhor, mesmo sem parecer,
Pelo menos na idade mental,
Nos sessenta continuarei aqui.
Época de cuidar, um pouco mais,
Época de ser cuidado, um pouco mais,
Sentir um medinho nos setenta.
Celebração da vida, uma festa!
Oitenta é a idade linda da vida!
Quero chegar lá assim: eu!
Aí é só aceitar, com gratidão
Nos noventa, idade da espera
É só esperar, sem pressa.
Caso aconteça, maravilhoso!
Acaso não aconteça, tudo bem!
Aos cem sem exigências.
Em comemoração à melhor idade da minha vida