O DIREITO DE SABER

No tronco das árvores, como os pardais,
ou fazendo o lençol, com velhos jornais,
sou mendigo, mas tenho o direito do saber.
Inteligente, tenho comigo o conhecimento,
perambulo pela vida, vivendo no relento,
é previlégio, de tudo um pouco conhecer.

Sou mendigo, andarilho, morador de rua,
acham incrível, conheço as medidas da lua,
sem professores, escola, ou faculdade.
É que para saber, não existe a censura,
busco em velhos jornais a minha leitura,
só não sei o quanto pesa uma saudade.

Pobre, maltratado, sou sujo e sou feio,
mas bom de memória, gravo tudo que leio,
presente da natureza, que dou muito valor.
Conheço o motivo da minha falta de saude,
o por que, que trabalhar nunca pude,
mas para falar, não preciso de tradutor.

Sou mendigo,mas com esse vício de ler,
cada dia, quero mais e mais aprender,
sobre tudo, sei e posso um pouco falar.
Sobre um infeliz amor, saudade, emoção,
só não gosto de falar sobre uma solidão,
mendigo, feliz, viu?Por que aprendi rimar...

GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 17/11/2011
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