a rua molhada
saio e encontro a rua molhada
olho pro céu e vejo
a cor cinza da água lá por cima
e como isso me encanta
podia estar por trás de você na janela
roçando o pênis que se vai
aninhando entre os seus lábios molhados
ou podia estar andando pela grama
com os pingos caindo nos rostos da gente
podia falar impotente pra trovoada
“não fique aí, sua assanhada,
metendo medo na gente”
ou podia ficar só olhando a rua molhada
o bastante pra me dar alegria
o bastante pra reconhecer
que não posso viver sem a primazia da chuva
quando há vezes que a gente se cansa do sol...