A LIBERDADE
A LIBERDADE
A liberdade oferece-me centelhas
De azougado vento
Aos meus curtos cabelos
A liberdade costura-me os desassossegos
N’um pano coral, rasteiro
Recolore meu sangue relho
N’uns trilhos de seda
A liberdade suscita-me palpitações plenas
Tece rendas lívidas nas minhas celhas
Fustiga-me o tremor das pálpebras
Intriga-me de espasmos de alegria e leveza
A liberdade levita em velocidade obscena
Bate asas de letras nas minhas orelhas
Sinfonias de céu que me exasperam
Sons do encanto do meu silêncio ilustrado
A liberdade consagra-me a um recanto manso,
E lá, na sua colossal e incompreensível completude
Prende-me de alma, a alma indissolúvel