CANÇÃO DO MAR
hoje
aspiro saber
de nada
viajar sem destino
nas cristas das vagas
(aquelas curvas marotas
n'uma linha d'água...)
convidei a mente atada
a se descuidar...
manterei
uns olhos cegos
de asceta
sonharei uns indigentes
sonhos gigantes
de olivas gordas
arrebentando
o ar...
(em olorosos artifícios
verdes,
oleificantes)
que os canhões
dos tanques
lancem esses versos
aos surdos ouvidos néscios
dos ianques
que os sorrisos
se rasguem
bem aqui perto, abertos
em bocas galantes
(que me encantem...)
dispenso os augúrios
do depois,
do antes
recuso questões indigestas,
diretas
o inteirar-me
de respostas estanques
não vou perfurar
debates,
objetivos,
metas...
deitarei manso
as pernas
defronte ao mar
os pés cairão
na quente areia iridescente
cessarei de compreender
de amor,
de amar
e a brisa constante terá
no meu rosto
a morte contente
que um alísio sempre quis