Lucidez minha
Sou, sim, uma apaixonada pela vida.
Quero a felicidade dos loucos.
Não os que não sabem aonde estão,
mas os que não sabem para onde ir.
E não quero o tédio são.
Dias musicais, noites coloridas:
são essas que me esperam.
Eu beijo as estrelas,
acaricio a lua.
Eu ando pelas ruas
e vejos nuvens no asfalto.
Enquanto isso,
há quem diga que não sei viver.
Dizem isso cravando as unhas no concreto,
engolem o cotidiano
e o arroz e o feijão.
Deglutem todo seu desgosto,
engasgam-se com as próprias lágrimas.
Por que não fabricam asas,
para que eu possa voar?
Vou contar o que mais interessa:
passos, flores, grãos de areia.
Vou me tornar qualquer coisa que assuste.
Qualquer coisa transparente.
E vou viver o meu instante,
me dê licensa.
Vestir branco
e mergulhar no gelo,
aquecer minha pele
e me tornar o Sol.