Ensaio sobre a felicidade

A felicidade chegou em um dia chuvoso,

Daqueles em que não se esperam visitas.

Bateu à porta. Eu abri.

Ela entrou, sentou-se, e eu,

à sua frente.

Não quis saber por que tinha partido

Ou o motivo pelo qual estava voltando,

Nem pulei em seu colo, anunciando toda minha saudade.

Não. Limitei-me a observá-la...

Como tinha mudado!

Tantos anos, e agora ela estava difente,

Mas ainda podia me reconhecer através de seus olhos.

Pergutei-lhe:

Vieste para ficar?

Ao que ela disse:

Sim, dessa vez vim para ficar, olha minhas malas.

Meus olhos marejaram...

Respondi apenas:

Saudades de ti.

Ao que ela retrucou:

Não te preocupes. Enfeita teu sorriso, colore teu coração, regas as sementes que trouxe para o teu presente, que no futuro darão um belo jardim.

Ainda sem crer totalmente, insisti mais uma vez:

Tens certeza, e se mudares de idéia?

E ela, sem perder aquele olhar de aurora, aquele gesto de mar calmo, mas com a segurança que a estrela tem sobre seu brilho

Não duvidas de mim, que estou sendo sincera, dessa vez vim pra ficar.

Então, finalmente, abracei-a, com uma sensação de tudo e nada no peito,

Pensando em calmaria e tragédia ao mesmo tempo.

Devia ser o medo de que aquilo não fosse verdade, devia ser o medo de assisti-la partir novamente. Mas não falei nada além. Peguei-a pela mão, ajudei-lhe com as malas e levei-a até o quarto,

Que estava exatamente como ela deixou, na esperança de tê-la novamente morando comigo.