MINHA LÂNGUIDA VIDA

M I N H A L Â N G U I D A V I D A

Sou paciente, compartilho migalhas de luz

Pedaços de calor do sol aquecem-me

A chuva lava meus rastros pelo caminho

O cheiro de terra molhada me acalma

A inércia da lua cheia apaga minha tristeza

À noite a flor perfuma minha vida

Vida frágil, sinuosa... angélica...

A sombra da árvore refresca meu corpo

Esvai-se a angústia, clareia e alivia

Lânguida vida, inebriada... amada...

Vou pelo menor esforço

Sem cansaço

Sem suor

De camisa sem mangas

Deixo a vida acontecer

Vida singela, lenta... bela...

Sopra o ar a poeira que me sufocava

Rasgo a venda dos olhos

Vida calma, doce... intensa...

A madrugada me anestesia

O coaxar no brejo me nina

Bendita vida, leve... desejada...

De sapato largo vou à fonte

Vejo a ciranda da vida de camarote

Vida mole, verde... nabesca...

Hoje sou vadio

Não vazio

Vida! Só vida! Vivida...

(maio/1992)

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 02/05/2011
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