Vou-me embora pra Lucena

Prólogo: Lucena é a segunda cidade do litoral norte da Paraíba, limitando-se com o município de Cabedelo. Dista pouco mais de 30 Km da Capital João Pessoa. As praias de Lucena estão entre as mais belas e preservadas do Estado. Tento aqui fazer uma paródia com o poema de Manuel Bandeira, Vou-me embora pra passárgada.

Vou-me embora pra Lucena!

Lá eu não devo a ninguém.

Lá tenho a casa que gosto,

Do jeito que me convém.

Lá eu sou mais feliz.

Vou tomar banho de mar,

Andar descalço na areia,

Sem escorrer o nariz.

Vou-me embora pra Lucena!

Vou-me embora pra Lucena!

Na aventura com meu bem,

Vou tomar sol com cerveja,

Comer batatinha frita,

Depois voltar pra casa,

Pra dormir na velha rede,

Onde sonharei com o mar,

E com o som das ondas fortes.

Lá esquecerei das mortes

De amigos e de parentes,

Pois todos estão contentes,

Nos céus de seus ideais,

E de lá não voltam mais.

Vou-me embora pra Lucena!

Vou-me embora pra Lucena!

Lá o céu é tão azulado

Que esqueço quase tudo.

Tem um sol pra cada um

E a lua é toda minha,

Quando estou à beira mar

Junto com minha rainha.

É isto que vou desfrutar,

Brincando com os meus netos

E na areia os lambuzar.

Lá tem pássaro em cantoria,

No quintal da minha casa,

Anunciando um novo dia,

Pra recomeçar a folia.

Vou-me embora pra Lucena!

Vou-me embora pra Lucena!

Lá faço um churrasco gaúcho,

Que enfumaça o casario.

Lá a vida é mais alegre,

E todo mundo tem saúde.

Junto com o amigo Andrade,

Nós jogamos dominó

E sueca de baralho,

Assim ninguém fica só.

Lá eu brinco até com cachorro,

Subo em poste e troco lâmpada,

Subo serra e desço morro,

E a ninguém peço socorro.

Vou-me embora pra Lucena!

Vou-me embora pra Lucena!

Lá eu jogo bola na praia,

Como pipoca salgada,

Ouço música de gandaia,

Faço cerca de arame,

E caiação de muro branco;

Caminho de pés descalços,

Mesmo na areia quente,

Às vezes fico demente,

De tanto prazer sentir,

A gente vive a sorrir,

Até sem saber dizer.

É assim que eu quero viver.

Vou-me embora para Lucena!

Vou-me embora pra Lucena!

Lá eu como camarão,

Sem medo de intoxicar;

Tomo cachaça no bar,

Depois pego caranguejo,

Nos mangues de Bonsucesso,

Almoço um pirão peixe,

Às dez horas da manhã,

E com uma preguiça terçã,

Ponho no terraço um colchão ,

Bem depois de almoçar,

Tiro uma soneca no chão,

Até a hora do jantar.

Vou-me embora pra Lucena!

Vou-me embora pra Lucena!

Pra sair da correria,

Dormir com a janela aberta,

Seja de noite ou de dia.

Lá não existe alvoroço,

Ou o corre-corre danado.

Lá o velho vira moço,

E fica até atrapalhado,

Pois sem saber o porquê,

É tachado de tarado.

Lá a vida é bem melhor.

Tem água de coco sobrando,

Macaxeira, batata-doce

E milho verde assando.

Vou-me embora pra Lucena!

Vou-me embora pra Lucena!

Lá eu vejo estrela de dia,

Acompanhando o meu sol;

Meu setor é um arrebol,

Aonde eu tenho a primazia,

De acordar de madrugada,

E junto com a passarada,

Ter a Vênus emoldurada,

Pela janela do meu quarto,

Por isso eu não me farto,

De elogiar essa terra.

De grande valor pra mim.

Vou-me embora pra Lucena!

Vou-me embora pra Lucena!

Pra receber meu irmão,

Junto com os seus parentes,

Que ali se fazem presentes,

Pra comer um bode assado,

Com churrasco de picanha,

É lá que eu tiro a manha,

De todo sujeito manhoso,

Seja arisco ou preguiçoso,

Vou levando a vida assim;

Não digo isso por mim,

Mas por todos que estão lá.

Vou-me embora pra Lucena!

Campina Grande, PB, Fev 2006.

Joanilson
Enviado por Joanilson em 11/04/2011
Reeditado em 30/08/2020
Código do texto: T2902952
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