Ó, MULHER

Ó, mulher

Logo você

Tão antenada

Tão despojada

Tão liberal

Por onde deixou

A objetividade

A serenidade

O juízo, afinal?

Ó, mulher

Parecia tão fácil

Se decidir

Quando chegar

Quanto tempo ficar

E quando partir

E agora, ó mulher

Nem te reconheço

Parece criança

Vejo-te pelo avesso

Só faz suspirar

Cabeça nas nuvens

Mesmo com o pé preso ao chão

Parece que os lábios

Só fazem sorrir

Sem saber a razão

Me diz o motivo

Desse desatino

Será um anjo traquino

Que te fazes assim?

Será que é desejo

Ainda não conquistado?

Ou seria um presente

A ti ofertado?

Vai, não seja egoísta

E conta pra mim...

Se bem que até sei

O que pode ter sido

Esse jeito brejeiro

De quem se fartou

De quem comeu mel

E se lambuzou

Só tem um motivo

Uma só explicação

É coisa que bole

Com o tal coração

E aí, ó, mulher

Se for o que penso

Estás mesmo perdida

Não saberás explicar

Não importa o que diga

Ou que queiras pensar

O que sentes agora

Não se pode dosar

Não dá pra impedir

Não dá pra negar

Só te resta curtir

E com prazer se entregar

Pois algo tão bom

E que te faz tão feliz

Não pode ser perdido

Nem comedido

Só não aproveite, ó, mulher

Se não for correspondido.

J. C. Queiroz

J C Queiroz
Enviado por J C Queiroz em 20/03/2011
Reeditado em 24/04/2011
Código do texto: T2860541
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