Ó, MULHER
Ó, mulher
Logo você
Tão antenada
Tão despojada
Tão liberal
Por onde deixou
A objetividade
A serenidade
O juízo, afinal?
Ó, mulher
Parecia tão fácil
Se decidir
Quando chegar
Quanto tempo ficar
E quando partir
E agora, ó mulher
Nem te reconheço
Parece criança
Vejo-te pelo avesso
Só faz suspirar
Cabeça nas nuvens
Mesmo com o pé preso ao chão
Parece que os lábios
Só fazem sorrir
Sem saber a razão
Me diz o motivo
Desse desatino
Será um anjo traquino
Que te fazes assim?
Será que é desejo
Ainda não conquistado?
Ou seria um presente
A ti ofertado?
Vai, não seja egoísta
E conta pra mim...
Se bem que até sei
O que pode ter sido
Esse jeito brejeiro
De quem se fartou
De quem comeu mel
E se lambuzou
Só tem um motivo
Uma só explicação
É coisa que bole
Com o tal coração
E aí, ó, mulher
Se for o que penso
Estás mesmo perdida
Não saberás explicar
Não importa o que diga
Ou que queiras pensar
O que sentes agora
Não se pode dosar
Não dá pra impedir
Não dá pra negar
Só te resta curtir
E com prazer se entregar
Pois algo tão bom
E que te faz tão feliz
Não pode ser perdido
Nem comedido
Só não aproveite, ó, mulher
Se não for correspondido.
J. C. Queiroz