Meu nome é Felizmundo
Eu danço por entre os pingos da chuva sem nunca me molhar
às vezes, rolo no colo das montanhas, cheias de silencio
Bebo da fonte a água mais limpa das matas onde me sacio
Nas noites mornas dispo-me no lago cheio de luas e banho-me com elas
onde os arcarnjos me protege
Eu me oriento pelo caminho das estações
Iluminam-me os astros, as estrelas distantes, minhas devotadas irmãs
Sei que a lua se apaixonou perdidamente por mim
As borboletas de todas as cores voam no alto da minha cabeça
Me conduzem, tomam-me pela mão, querendo passear comigo,
nos bosques onde cintilam o sol e a mansidão
Sou protegido pelas árvores e pelos animais da floresta!
Duendes me seguem!
Canto no coro das lavandiscas de peito branco, nas manhãs orvalhadas!
Renasço pela força reveladora da vida
Beija-me suavementea brisa quando acordo
O cheiro do alecrim perfuma minha alma
Os hibiscos me saúdam, abrindo generosamente suas flores
Aprendo com as abelhas infatigáveis,
a lambuzar-me do perfume das flores sem machucá-las
Os coleirinhas, os sabiás inquietos, cantam para chamar minha atenção e saudar meu coração!
Oh Deus dentro da minha cabeça a natureza vive, sonha e pulsa!!
Viajo inatingível no alto, nos olhos dos gaviões penachos,
Pelas amplidões do céu, cada vez mais azul
Minha alma infantil corre pelos campos da inocencia sem pensar em nada
Como a sombra corre sobre a relva pelas mãos do sol
Meu espírito é feito da matéria dos coração dos passarinhos
Há fazendas na minha alma, onde exala o frescor da terra, onde chove todos os dias
E o sol vem sempre que necessárioo
Então as sementes explodem, nascendo sob as ordens do criador
Por isso as colheitas são fartas
Os beija-flores, meus irmãozinhos, agentes da ternura
Não se cansam de me ensinar lições de suavidade
Para que eu entenda os passos da dança da primavera,
(Não contem pra ninguém)
Ela é agora minha namorada, desde que a conheci,
Vem me ver todos os anos e me disse que nunca mais irá embora dos meus olhos!