Promessa
Na próxima vez
Eu juro ter a audácia
De iniciar o jogo cantando a vitória;
Aprendi a trocar o cárcere
Dos gestos solenes e afetos contidos
Pelo gorjeio insensato dos corpos livres.
Na próxima vez
Eu juro escandalizar a retina dos hipócritas
E ter a coragem deslavada de ser eu mesma;
Caminhar a passadas menos ásperas e evasivas,
Sobrepor os adeuses, as dores e os lamentos
Num bailado soberbo e triunfante.
Na próxima vez
Eu juro estar pronta para aceitar
As coincidências fatais e vorazes
E exigir da vida menos linearidade...
Espalhar mais loucuras e atos impensados,
Abandonar expressões obscuras
e diálogos entrecortados.
Na próxima vez
Eu juro ter os nervos leves como som de harpa
E as bochechas rosadas das camponesas.
Eu juro acalentar o destino
Numa entrega pacífica ao inevitável.
Eu juro exercitar em vida
Os versos oras cantados.