Palha molhada. (vida boa)

A palha molhada caiu no braseiro e nem fogo pegou!

Estalou sobre a brasa, ardeu em fumaça e o vento levou.

Já de madrugada, o sereno revela que a noite acabou.

A luz quebra no canto e o galo em espanto, desperto tão só.

O ronco no chiqueiro revela a vinda, de outro arrebol.

E a palha molhada agora sapeca, com o calor do sol.

Remoendo migalhas, regumina sem prosa o boi cupirí.

Chacoalhando a calda, batendo as moscas, que nascem aqui!

No pasto amassado, roído e quebrado pelo javali.

E o mato balança, o galho levanta com o vôo da juriti,

Que balançam em berço, os ovos no ninho, que chocam ali!

Em um mimo retardo, de uma natureza, que eu sempre vi.

O relincho mateiro ecoa no vale, sem pena e sem dó!

Agrupando a boiada, reunindo as cabeças de gado neló. (nelore)

Será feito a roçada, pra tirar as daninhas e os garranchos de cipós.

A manhã se despede à tardinha desperta, com ar de calor.

Mas o céu anuvia, se escurece em cinza, aliviando a dor.

E a palha tostada, volta pro braseiro! Como no anterior.

...........” Catarino Salvador “.

Catarino Salvador
Enviado por Catarino Salvador em 11/02/2011
Código do texto: T2786309
Classificação de conteúdo: seguro