Travesseiro de Macela


      
Revirei todas as gavetas,
         Desfiz-me do imprestável.
         Tirei a poeira e o mofo,
         Dei boas vindas ao novo. 

         Abri todas as janelas,
         Para entrar a esperança.
         Gostei da casa arejada,
         Senti-me como criança.

        Tirei as roupas da cama,
        Brancas, foscas, indiferentes.
        Removi todas as cortinas,
        Coloquei cores na vida.

        Descartei o removedor,
        Odor de limpeza austera.
        Perfumei a minha casa,
        Com aroma da primavera.

        Nas gavetas renovadas,
        Coloquei sache de flores.
        A vida aromatizada,
        Pede-me gosto e cores.

       Dispensei as persianas,
       Aprendi a ver o céu.
       A conversar com estrelas,
       A viajar em um carrossel.

      No leito roupas vibrantes,
      Lençóis bons de se tocar.
      Travesseiros de macela,
      Luz, aromas , cores e velas.

     Entre as flores e as cores,
     Acordei para a realidade.
     Risquei do meu dicionário,
     Desamor, tristeza, saudade! 
                           (Ana Stoppa)





Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 27/01/2011
Reeditado em 29/04/2011
Código do texto: T2755833
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