ENFEITANDO A VIDA

E N F E I T A N D O A V I D A

Pode ser que um dia tudo se torne metáforas

Pode ser que seja o dia do fim das perspectivas

Pode ser que delicadas mãos modele o verbo

Pode ser que da larva (do homem) nasça a amizade

Pode ser que com a palavra construa-se o amor

Pode ser que para desacreditar, acredita-se

Existem várias mochilas cheias de saber

Existem várias formas de sorrisos

Existem várias respostas de como se viver

Existem várias dúvidas se existem milagres

Existem vários valores para cada fuga

Existem várias idéias de como burlar o medo

Não se teme uma canção que alimenta a alma

Não se teme a rosa in natura por seus espinhos

Não se teme a escuridão povoada de vaga-lumes

Não se teme a raposa se o galinheiro está vazio

Não se teme o rio quem conhece o mar

Não se teme o inferno se guardado por anjos

Se passar pelo espinho ainda resta o pedículo

Se passar pelo rio ainda resta o barranco

Jamais confunda marimbondo com vaga-lume

Jamais confunda raposa com cão de guarda

Entre sorrir e gargalhar está o escândalo

Entre cantar e chorar está o fingimento

De metáforas, que bom se chegássemos a sonetos!

Do fim das perspectivas, que bom se chegasse o paraíso!

Do verbo modelado, que bom se seguisse em linha reta!

Dos milagres, que bom se surgissem compreensão e luz!

De cada fuga, que bom se surgissem lampejos de esperança!

Ao burlar o medo, que bom se surgisse contentamento nos corações!

Quem desacredita não inspira confiança

Quem constrói amor brilha até nas nuvens

Quem faz nascer o saber trilha a amizade

Às misérias basta cobri-las de farturas

Os sonetos bastam que os recitemos

Assim para viver basta enfeitar a vida

(outubro/1980)

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 20/01/2011
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