Paz
O meu bairro é uma ilha no oceano
revolto e agitado
que em volta vejo.
Às vezes penso até que é um engano,
e que o bairro vai ser elevado
um dia a vilarejo.
Tem jardineiro que bate na porta
para oferecer a sua poda
e ao fundo se ouve a melodia torta
tocada (ou chiada?) na roda
do amolador de facas e tesouras
que sempre peço a Deus
tenha uma vida bastante duradoura.
Tem muitas casas, poucos edifícios,
quitandas e armarinhos,
personagens reais e fictícios
que se vêem em grupos, ou sozinhos,
caminhando pela rua arborizada
que leva à praça onde a criançada
brinca, com o riso farto
de quem não fica limitado a um quarto.
Meu bairro é encantador, é um sucesso
que às vezes chega a me tirar o sono
ao pensar na possibilidade do progresso
chegar e jogar meu bairro no abandono.