PESADELO
No meu ouvido, o barulho ensurdecedor
Que a cidade fazia.
O cheiro fétido do lixo exalava no ar
Misturado com o cheiro das pessoas
Que passavam para o trabalho...
Aquilo parecia um inferno,
Se é que o inferno é assim.
Queria sair correndo, para um lugar bem longe
Onde não ouvisse também o barulho dos ratos
Que caminhavam no lixo a comer restos de comida.
No beco imundo, mendigos faziam moradas
Disputando pedaços de papelão
Para cobrirem-se dos pingos da chuva que caia.
Tosse, gemido...maldição! cada um com as suas mazelas.
Um louco gritava ao longe para apagar a luz do poste...
Ele queria dormir. Era dia e ele pensava noite.
Me vi naquele meio, entre olhares diferentes e,
Pensei na minha mesa farta, na minha cama confortável,
No meu carro de luxo, nas minhas orgias
E em tudo que me fazia sentir bem
E pensar que era feliz.
Mais eu estava ali no fim do mundo,
À beira do precipício, a minha visão se ofuscou
E por um momento me vi caindo
Num buraco sem fundo,
De onde um vento forte soprou de baixo para cima
Tirando-me daquele inferno...
Me fazendo acordar desse terrível pesadelo.