Anjo?

Como estou grata!

Grata à Deus pela vida

Pelo sol e a neblina

Pela falta de dor física

Pela ausência da partida

E agora de alegria preenchida estou grata sem medida!

Por amar ou disso chegar perto

Pelo ar ou mesmo o calor que me aproxima de conhecer a sensação do deserto

Pela dor da alma que cochicha em mim

Pela lágrima que me acaricia lembrando minha humanidade

E meu rosto que de menina me traz menos idade

Pela fome de conhecimento que me faz sentir viva

Pelos galos e galinhas no quintal

E pelo lírio azul que nunca vi

Grata pela falta, não sei até quando grata e até onde irá a falta

Pela presença que de forma diferente deixo passar

Culpo-me pela ingratidão e na culpa sinto que ainda valho alguns elogios

Na modéstia mesmo que em medida falsa, me sinto crescer

Grata pelo berço de amor que me cerca sinto que o vento bruto não me levará

Só deixará feridas que a brisa sarará

Na redoma de cuidado reconheço meu tamanho e posso afirmar não ser mimada

Sou grata e pareço um anjo dormindo e amarrada.