RAZÃO DO MEU VIVER
Nada sou se não escrever o meu verso,
Contemplativo do belo que está imerso
Nas singelas cenas vistas, as vezes, como vãs;
Como não cantar aquela barriga que cresce,
Da mãe, o filho, qual fruto que amadurece,
E a faz tão desejosa... das suculentas maças?
Nada sou se não contemplar os raios fortes,
Do sol que acorda e aponta ao dia o norte,
No doce milagre das radiantes manhãs.
Nada sou se não me perder no olhar
Daquela criança com seu pião a girar,
Inebriada pelo giro...e, em sonhos envolta;
Se não vir Deus no rosto da menina sapeca,
Que se faz mãe quando nina sua boneca,
E se faz linda, com suas tranças soltas.
Nada sou se não escrever o meu verso,
Formar páginas com o belo, sempre imerso,
Nas singelas cenas, as vezes, vistas como vãs;
Vegetarei... Morrerei a cada dia um pouco,
Poeta não mais. Mas, sim, um débil louco,
Numa triste morte... de todas as manhãs.