RAZÃO DO MEU VIVER

Nada sou se não escrever o meu verso,

Contemplativo do belo que está imerso

Nas singelas cenas vistas, as vezes, como vãs;

Como não cantar aquela barriga que cresce,

Da mãe, o filho, qual fruto que amadurece,

E a faz tão desejosa... das suculentas maças?

Nada sou se não contemplar os raios fortes,

Do sol que acorda e aponta ao dia o norte,

No doce milagre das radiantes manhãs.

Nada sou se não me perder no olhar

Daquela criança com seu pião a girar,

Inebriada pelo giro...e, em sonhos envolta;

Se não vir Deus no rosto da menina sapeca,

Que se faz mãe quando nina sua boneca,

E se faz linda, com suas tranças soltas.

Nada sou se não escrever o meu verso,

Formar páginas com o belo, sempre imerso,

Nas singelas cenas, as vezes, vistas como vãs;

Vegetarei... Morrerei a cada dia um pouco,

Poeta não mais. Mas, sim, um débil louco,

Numa triste morte... de todas as manhãs.

Amarildo José de Porangaba
Enviado por Amarildo José de Porangaba em 23/10/2010
Reeditado em 19/12/2022
Código do texto: T2574572
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.