Gente grande
Foi até a espessa paisagem que via todos os dias
Lavou a face com calma
Mirou-se pelo espelho
E recobriu o corpo macio de uma vontade contrária
De uma necessidade desmentida
Foi aí que acordou sem querer de algum sonho
E esperou que acertasse o foco daquela imagem
Que parecia feia e sem muitos sorrisos
Brilhava-lhe as aventuras diárias
E surgiam-lhe constatações absurdas
Olhou de novo, não haveria de ser!
Estava ali naquele mesmo rosto
Um novo brilho pequenino
Viço de quem já se tornara homem
E complexidade de quem continuava menino
Arrumou os cabelos já um pouco rebeldes
E percebeu que havia tempo que não tinha tempo
Para notar que tudo mudara desde que
Por uma loucura da vida
Tornara-se gente grande